quinta-feira, 19 de agosto de 2010

REPETÊNCIA ESCOLAR- UM GRAVE PROBLEMA

A UNESCO divulgará, hoje, monitoramento das metas globais envolvendo 129 países. O Brasil aparece, neste levantamento, com a segunda maior taxa de repetência escolar da América Latina, atrás do Suriname. A taxa brasileira é de 18,7% e a média latino-americana é 6,4% (no Caribe a taxa é ainda menor: 2,9%). Somos o único país da região com mais de 500 mil crianças em idade escolar sem estudar.
Os pragmáticos afirmarão que isto revela que nossos professores não conseguem ensinar. Pode até ser. Mas o importante é entendermos como a repetência não se relaciona, em nada, com aprendizagem. Repetir não estimula em nada. É apenas uma punição. Do ponto de vista pedagógico, é um ato retrógradoBrasília - De cada cinco alunos que começaram a cursar este ano o ensino fundamental ou médio no Brasil, um deve receber uma má notícia daqui a dois meses, quando terminarem as aulas: ele vai repetir de ano. O dado, do Instituto Nacional de Pesquisa Educacional (INEP), do Ministério da Educação, forma um quadro ainda mais grave em conjunto com o que aponta outra pesquisa, realizada pela Unesco: apenas cinco países da África superam o Brasil em índices de repetência no ensino fundamental, numa comparação entre 107 países.
Problemas como a falta de estrutura nas escolas e também o pouco interesse dos pais em manter os filhos no colégio encaminharam-se para a extinção com o advento de programas de transferência de renda como o Bolsa-Escola e o PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil). Ao longo dos anos, o MEC teve uma política acirrada de investimentos no ensino fundamental e, mesmo assim, os índices de repetência diminuíram menos do que o previsto. Já o ensino médio, considerado o "primo pobre" do sistema, por não ser obrigatório, enfrenta a realidade da falta de recursos e a inadequação dos currículos de estudantes que atravessam a conturbada fase da adolescência.
Para o professor e pesquisador Rubem Klein, responsável pelas estatísticas do Laboratório Nacional de Computação Científica do Ministério da Ciência e Tecnologia, nenhuma justificativa consegue explicar o que os números traduzem tão bem: a persistência dos altos índices de repetência escolar.
Historicamente, as primeiras séries são pólos de concentração do problema. "Cerca de 50% dos repetentes estão nas primeiras séries do fundamental e médio. A cultura que se criou em relação ao novo, ao que estar por vir, causa um clima de seleção e instinto de alta rigidez por parte dos professores, que, nessas séries, não admitem que o aluno seja apenas bom. Para passar, ele precisa ser ótimo", diz o professor, que é consultor da Fundação Cesgranrio.

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