terça-feira, 26 de outubro de 2010
AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA - ALAGOANO
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, crítico, ensaísta, tradutor, filólogo e lexicógrafo, nasceu em Passo de Camaragibe, AL, em 2 de maio de 1910, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 28 de fevereiro de 1989. Eleito em 4 de maio de 1961 para a Cadeira n. 30, na sucessão de Antônio Austregésilo, foi recebido em 18 de dezembro de 1961, pelo acadêmico Rodrigo Otávio Filho.
Filho de Manuel Hermelindo Ferreira, comerciante, e de Maria Buarque Cavalcanti Ferreira. Passou parte da infância em Porto das Pedras, AL, e estudou as primeiras letras em Maceió. Fez os preparatórios no Liceu Alagoano. Aos 15 anos ingressou no magistério e passou a se interessar pela língua e literatura portuguesas. Diplomou-se em Direito pela Faculdade do Recife, em 1936. Em 1930 fez parte de um grupo de intelectuais que exerceria forte influência literária no Nordeste, entre outros, Valdemar Cavalcanti, José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Raul Lima, Rachel de Queiroz. Em 1936 e 1937, foi professor de Português, Literatura e Francês no Colégio Estadual de Alagoas, e em 1937 e 1938, diretor da Biblioteca Municipal de Maceió.
Passou a residir no Rio de Janeiro a partir de 1938. Continuou no magistério, como professor de Português e Literatura Brasileira no Colégio Anglo-Americano em 1939 e 1940; professor de Português no Colégio Pedro II, de 1940 a 1969, e professor de Ensino Médio do Estado do Rio de Janeiro, de 1949 a 1980. Contratado pelo Ministério das Relações Exteriores, exerceu a cátedra de Estudos Brasileiros na Universidade Autônoma do México, de junho de 1954 a dezembro de 1955.
Colaborou na imprensa carioca, escrevendo contos e artigos. Foi secretário da Revista do Brasil (3a fase), quando era seu diretor Otávio Tarquínio de Sousa, de 1939 a 1943. Nessa época, evidenciava-se o escritor, nos contos de Dois mundos, livro publicado em 1942 e premiado em 1944 pela Academia Brasileira de Letras, e no ensaio "Linguagem e estilo de Eça de Queirós", publicado em 1945. Em 1941 começou Aurélio Buarque a atividade que o iria absorver a vida inteira e que, de certa forma, iria suplantar o Aurélio escritor: o Aurélio dicionarista. Foi quando o convidaram a executar, pela primeira vez, um trabalho lexicográfico, como colaborador do Pequeno dicionário da língua portuguesa. Em janeiro de 1945, tomou parte no I Congresso Brasileiro de Escritores, realizado em São Paulo.
As múltiplas atividades de professor, lexicógrafo e de verdadeiro colaborador nas obras de seus amigos escritores valeram-lhe, desde aquela época, o título de "Mestre". Em 1947, iniciou no Suplemento Literário do Diário de Notícias a seção "O Conto da Semana", que durará até 1960 e, a partir de 1954, terá a colaboração de Paulo Rónai. Essa colaboração entre os dois amigos vinha desde 1941, quando se conheceram na redação da Revista do Brasil, e se concretizou no trabalho conjunto dos cinco volumes da coleção Mar de histórias, antologia do conto mundial, o primeiro deles publicado em 1945.
A partir de 1950 Aurélio Buarque manteve, na revista Seleções do Reader’s Digest, a seção "Enriqueça o seu vocabulário", que em 1958 ele irá reunir e publicar no volume de igual título. Em 1963, tomou parte, em Bucareste, representando a Academia, no Simpósio de Língua, História, Folclore e Arte do Povo Romeno, visitando na mesma ocasião a Bulgária, Iugoslávia, Tchecoslováquia e Grécia. Foi membro da Comissão Nacional do Folclore e da Comissão Machado de Assis.
A preocupação pela língua portuguesa, a paixão pelas palavras levou-o à imensa tarefa de elaborar o seu próprio dicionário, e esse trabalho lexicográfico ocupou-o durante muitos anos. Finalmente, em 1975, saiu o Novo dicionário da língua portuguesa, conhecido por todos como o dicionário Aurélio. Desde a sua publicação, Mestre Aurélio atendeu a muitos convites, no Brasil inteiro, para falar do Dicionário e dos mistérios e sutilezas da língua portuguesa, que ele enriqueceu de tantos brasileirismos, fazendo do brasileiro comum um consulente de dicionário e um usuário consciente do seu idioma. Pronunciou numerosas conferências, sobre assuntos literários e lingüísticos, no México, Estados Unidos, Cuba, Guatemala e Venezuela.
Pertenceu à Associação Brasileira de Escritores, seção do Rio de Janeiro (1944-49). Era membro da Academia Brasileira de Filologia, do Pen Clube do Brasil, do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, da Academia Alagoana de Letras e da Hispanic Society of America.
Obras: Dois mundos, contos (1942); "Linguagem e estilo de Eça de Queirós", in Livro do centenário de Eça de Queirós (1945); Mar de histórias (Antologia do conto mundial), em colaboração com Paulo Rónai, I vol. (1945); II vol. (1951); III vol. (1958); IV vol. (1963); V vol. (1981); Contos gauchescos e lendas do sul, de Simões Lopes Neto. Edição crítica, com amplo estudo sobre a linguagem e o estilo do autor (1949); O romance brasileiro (de 1752 a 1930), história literária (1952); Roteiro literário do Brasil e de Portugal (Antologia da língua portuguesa), em colaboração com Álvaro Lins (1956); Território lírico, ensaios (1958); Enriqueça o seu vocabulário, filologia (1958); Vocabulário ortográfico brasileiro (1969); O chapéu de meu pai, edição revista e reduzida de Dois mundos (1974); Novo dicionário da língua portuguesa (1975); Minidicionário da língua portuguesa (1977).
Além dos contos que traduziu para a coleção Mar de Histórias, Aurélio Buarque de Holanda traduziu romances de vários autores, os Poemas de amor, de Amaru, e os Pequenos poemas em prosa, de Charles Baudelaire.
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